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sábado, 24 de janeiro de 2009

AUMENTA DEMANDA PELO ALGODÃO ORGÂNICO EM TODO O MUNDO

Por Ming Liu O algodão originou-se no sudeste da África e na América do Sul. Atualmente, com sua aplicação como fibra natural e também como fonte de proteína vegetal, ele é uma commoditie, cultivado em mais de 80 países. Hoje, o maior produtor mundial é a China, depois vem os Estados Unidos. A disseminação da produção de algodão no mundo fez dele a mais importante commoditie do mercado, porém existem aspectos negativos no seu processo de fabricação. Nos Estados Unidos, por exemplo, mesmo com a forte e severa regulamentação da produção, essa matéria-prima é responsável pelo uso de cerca de 25% de todos os pesticidas aplicados na agricultura. Em países em desenvolvimento e com menos restrições na regulamentação e aplicação de defensivos agrícolas, esse índice pode ser até maior. Segundo a OTA (Organic Trade Association), o algodão ocupa pouco mais de 2,4% de toda a área agriculturável do planeta, porém é responsável por 24% das vendas do mercado global de inseticidas e 11% das de pesticidas. Nesse quadro, surge como uma alternativa o algodão orgânico, que é cultivado em mais de 18 países. No campo, sai a dependência química e entra o processo de cultura biológica. Os produtores trabalham com a prevenção em vez do combate reativo das pragas e dos problemas gerados pela monocultura. Sob o ponto de vista socioeconômico, a produção de algodão orgânico vem acabando com a mão-de-obra barata e às vezes até a infantil, além de reduzir o impacto dos grandes produtores mundiais que sacrificam a cadeia em busca de volume e produtividade. Nos processos de manufatura do algodão orgânico, não há adição de petroquímicos, ceras, formaldeidos, agentes químicos preventivos, alvejantes químicos e outros produtos que dão o aspecto final de tecido macio, que não encolhe, não amassa, é antiestático, e outros atributos que comercialmente as empresas vêm tentando apresentar ao consumidor. Outra fase da produção convencional com grande potencialidade em deixar resíduos nocivos no meio ambiente e ao usuário é o chamado processo de finalização, em que se aplicam tintas e coloração no tecido. Nesses ingredientes encontramos facilmente a aplicação dos compostos de metais pesados, tintas à base de solventes químicos, benzeno e organoclorideos que, cada vez mais, são responsáveis por reações alérgicas no seu uso. Produtos alternativos como óleos naturais e biodegradáveis, amidos vegetais, tinturas naturais de origem animal e vegetal e até sementes de variedades de algodão de cor natural são utilizados na produção orgânica. Por essas características próprias, mercados como o Japão e Europa têm aumentado a demanda não apenas pela consciência ecológica, mas como forma de buscar a prevenção para possíveis problemas de saúde e alergias. Hoje, podemos dizer que o tecido orgânico também está incorporado aos conceitos de moda e alta-costura, buscando atingir um público diferencial, formador de opinião. Marcas internacionais conhecidas, como GAP, Diesel, YSL, Wal-Mart, Nike e outras, adotaram a peça feita de algodão orgânico. No Brasil, já temos estilistas utilizando em seus lançamentos o produto sustentável. Os compradores internacionais, quando procuram o algodão orgânico brasileiro, além das certificações necessárias para comercialização, querem informações sobre a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva têxtil (todos os passos da produção e do processamento, da fibra ao produto final). Por isso, a produção e a certificação dos produtores ainda estão no início. Entretanto, com o apoio técnico da Embrapa, algumas cooperativas locais já plantam e fiam o algodão orgânico tingido naturalmente. Um exemplo é a Natural Fashion, que reúne 45 cooperados e gera 850 empregos diretos e indiretos na Paraíba. Hoje sua produção é destinada ao mercado externo, que atende as diferentes exigências de cada país-alvo. A demanda pelo algodão orgânico existe, é crescente em todo o mundo, e cada vez mais novos produtores estão se adaptando e investindo no setor.
Ming Liu é coordenador-executivo do Organics Brasil. www.organicsbrasil.orge-mail: mingliu@organicosbrasil.orgFoto: Divulgação